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08 Mai Estudo de caso: filme “Gaiola Mental”
Título original: Mind Cage
Lançamento: 2022 na Netflix
Duração: 1h 36min
Gênero: Policial, Suspense
Direção: Mauro Borrelli
Roteiro: Reggie Keyohara
Elenco: Martin Lawrence, Melissa Roxburgh, John Malkovich.
SINOPSE:
Gaiola Mental apresenta os detetives Jake Doyle (Martin Lawrence) e Mary Kelly (Melissa Roxburgh) que estão atrás de um assassino imitador e nada melhor do que achar um assassino recorrendo a ajuda de outro. Por esse motivo, os detetives resolvem ir atrás de um serial killer encarcerado que tem seu nome escondido atrás do pseudônimo de “O Artista” (John Malkovich). Mary fica intrigada com a mente do serial killer e ela e Jake não percebem no perigoso jogo que estão se metendo, uma vez que eles estão lidando com um assassino para irem atrás de outro.
AVALIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA:
“De forma geral, os críticos afirmam que o longa-metragem tem, em seu ato final, reviravoltas tão absurdas que acabam estragando os momentos de tensão. As avaliações ainda apontam que o thriller conta com bons atores, mas que eles entregam interpretações “cansadas”.”
Segundo a crítica do site MovieWeb, por exemplo, “Gaiola Mental” “reúne clichês cansativos de serial killers em um thriller sem brilho” e tem “elenco competente de veteranos de Hollywood atuando com pouca energia”.
‘”Gaiola Mental’ é um thriller policial anêmico e esquecível, com pouco suspense, intriga e atmosfera”, detonou o crítico do NYC Movie Guru.
Parte do público ainda viu grandes semelhanças entre “Gaiola Mental” e os filmes “O Silêncio dos Inocentes” e “Copycat – A Vida Imita a Morte”.
OPINIÃO DO PÚBLICO:
“Pior que eu consegui sacar o plot twist do final só de ler o título, mas não imaginava que seria tão ruim assim, kkkkk”
“Cara, um filme BEM morninho… demorei 3 dias pra terminar pq acreditei que iria ter um “up” no meio. Atuações ruins, diálogos batidos, pontas soltas. [spoiler][/spoiler] como ele tomou o corpo do parceiro do cara e fez ele se queimar se ele só conseguia entrar em outro corpo com a foto da pessoa? E o policial diz que um estava de frente “pro outro?”
“Não entendi a nota baixa!
Podem assistir é bem bom e sai do comum dos filmes de investigação”
Opiniões diferentes que desperta reflexões.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
É interessante como as opiniões em relação a um filme apresenta diferenças destoantes e divergentes quando se tem uma visão reduzida e materialista do que a “Sétima Arte”, o cinema, pode nos proporcionar. Na perspectiva da atuação e do que o filme entrega para o público os críticos seguem a linha do conhecimento técnico e artístico: cinematografias, técnicas de filmagens, roteiros, atuação. Suas avaliações estão pautadas em comparações a outros trabalhos bem como o contexto cultural, social e político que revela as interpretações simbólicas. Há também os interesses materiais no que se refere à vendagem e bilheterias concorrentes.
Por outro lado, as opiniões do público demonstram o interesse casual concentrado em elementos emocionais, tipos de histórias, identificação com os personagens e tramas desenvolvidas que pode se ligar à subjetividade de cada um. Podemos pensar no que afeta o ser humano a partir de suas experiências vivenciadas e possíveis identificações, afinidades e pontos de vistas que mobilizam aspectos significativos da existência humana.
O ser humano perde por não perceber que a vida é um universo infinito que pode se abrir a aprendizagens e transformações. Queremos dizer que filmes como este pode nos proporcionar reflexões profundas acerca das relações que experimentamos com as pessoas e as coisas existentes na nossa vida.
OBJETIVO DO ESTUDO:
A partir da perspectiva psicológica e espiritualista, refletir sobre os comportamentos humanos que desencadeiam desequilíbrios e transtornos na personalidade e nas relações interpessoais. Serão abordados os temas: Transtornos Dissociativos de Identidade; Transe, Possessão e Traumas emocionais. Temas esses presentes nas relações humanas atuais, que distanciada do conhecimento filosófico e espiritualista, se perdem no labirinto sem fim de uma vida desprovida de sentido atormentadas pelas dores e sofrimentos morais, materiais e espirituais, desencadeando muitas vezes adoecimentos graves na vida dos seres humano.
O referencial escolhido para a elaboração desse estudo é o conhecimento sobre: psicologia e espiritualidade fundamentada na filosofia do Racionalismo Cristão.
TEMÁTICA DO FILME:
O filme: “Gaiola Mental” apresenta uma trama policial de suspense a partir dos assassinatos de mulheres em série, que são decoradas com enfeites e objetos que lembram imagens religiosas. O suposto criminoso, imita os rituais de um detento, chamado de “O Artista” (Malkovich), que já está na cadeia prestes a ser executado na cadeira elétrica, pela pena de morte. A investigação do crime é iniciada pelo detetive Mary Kelly (Roxburgh) e pelo investigador veterano Jake Doyle (Lawrence), responsável por prender “O Artista” anos antes.
A primeira vítima é encontrada em uma igreja: é uma mulher amarrada em uma cruz, com asas presas em suas costas, como um anjo. A semelhança com a prática habitual do “O Artista” é percebida e outras mortes começam a acontecer. O que deixa o investigador Jake bem “perturbado”.
Jake (o detetive) expressa um comportamento alterado, muito nervoso e estressado consumindo muita cafeína e medicamentos ansiolíticos. Quando do evento da prisão do Artista, o seu parceiro da época na perseguição tivera o carro capotado e morreu queimado segundo relatos do xerife. Mas para Jake, o Artista, incitou e sugestionou para seu parceiro jogar gasolina no corpo e atear fogo. Jake mesmo ferido conseguiu prendê-lo, porém sua raiva e trauma vivido na época, desencadeou traumas emocionais diagnosticados como Transtorno Dissociativo de Identidade. Foi encaminhado para tratamento psiquiátrico e psicoterápico, porém Jake não se comprometeu, interrompeu as psicoterapias e continuou usando só os medicamentos de forma excessiva. Seu comportamento e interesses estavam voltados para as questões religiosas e místicas, se interessava por estudos sobre exorcismos, artes religiosas e ainda não dormia adequadamente. Suas reações impulsivas/agressivas, eram nítidas durante as ações nas investigações. Não se comunicava bem com sua nova parceira e discordava de suas condutas no desenrolar do caso. Mas no contexto final o xerife afirma que a equipe médica definiu o diagnóstico dele como a classificação de: “um tipo de psicose – Identidade dissociativa”, desencadeado desde o primeiro caso.
Mary a atual parceira de Jake, passa a se destacar na investigação dos assassinatos e se apresenta disponível para estabelecer o contato com “O Artista”, se afirma como a pessoa da equipe mais adequada para conseguir convencer o criminoso a identificar o seu suposto imitador. Durante os contatos com “O Artista” suas emoções são afetadas, revelando segredos que ela jamais havia compartilhado e ele a provoca, afirmando que é “uma mulher atormentada por terríveis cicatrizes da infância”. Mary se esforça para não se deixar envolver, mas seus traumas e lembranças de infância vêm à tona e a partir das feridas atingidas “O Artista” domina a condução da situação. Revela o quanto ela sofria com a relação difícil com o pai que se encontrava em estado terminal no leito de um hospital, mas ela não conseguia visita-lo por se martirizar com as lembranças de um passado traumático onde o pai a obrigava assistir ele queimando suas próprias mãos no fogo do fogão dentro de casa. Suas lembranças e pesadelos a atormentava e quando adulta se relacionou com um padre, quem era seu confessor na infância, quando levada pelo próprio pai à igreja. Época em que deixou de acreditar em “céu” e “inferno” e a viver amargurada e descrente de tudo. Se afastou do pai e não conseguia perdoá-lo e decidiu se casar com o padre para atingir o pai. Arnould (O Artista) afirma para ela: “Feridas são marcas registradas dos guerreiros, não concorda. E Deus podia ter curado suas feridas, porque você virou as costas para Ele, Mary? É porque o seu pai responsabilizou você pelo tormento que ele estava sofrendo?”
O desfecho da trama se dá com a intervenção e manipulação do “Artista”, colocando Mary numa condição fragilizada ao reviver seus traumas infantis e distraindo os policiais para que ele pudesse mais uma vez agir, controlando pela “possessão” o investigador Jake, que é conduzido com sua parceira Mary para o local onde se encontra a última vítima que é a vice-governadora. É o momento em que fica clara a intenção dos jogos psicológicos envolvidos na trama, mas também se revela a habilidade do “O Artista”, em manipular as mentes humanas a partir do seu potencial poder de controlar e dominar as pessoas para realizar seus desejos mais insanos. Aí precisamos entender também a história desse protagonista: “O Artista”.
Arnould Lefreuve (“O Artista”) teve uma infância marcada pelos traumas físicos e psicológicos. Sua mãe era uma profissional do sexo que recebia seus clientes na própria casa e Arnould era trancado dentro do armário para não a incomodar. Neste mesmo período sempre se interessou pelas artes religiosas e desenvolveu a habilidade de desenhar rostos de Cristo, santos e anjos e vivia de forma isolada. Sua mãe que demonstrava irritação e desequilíbrio ao lidar com o comportamento do filho, sempre o agredia fisicamente e num dado momento chegou a derrubá-lo no chão, onde teve uma convulsão em consequência da queda e de um coagulo cerebral e depois disso ficou em uma cadeira de rodas por dois anos. Nessa fase, isolado dentro de casa, longe do convívio com outras crianças da sua idade, descobriu que era capaz de capturar a imagem de outra pessoa, fazia o desenho do rosto dela e se concentrava naquele desenho, ele diz: “eu deixava meu próprio corpo e entrava temporariamente no corpo da pessoa”.
Ao fazer uso da sua mente, de uma forma um tanto “diabólica”, obrigava sua vítima a realizar seus próprios desejos. Alimentou a raiva a ponto de matar a própria mãe com os mesmos rituais que usava nas vítimas. As grades da prisão não o impediam de agir, revela isso durante a conversa com a detetive Mary quando diz: “Nenhuma prisão pode segurar um homem dentro de si mesmo. Eu mantive esse segredo por muitos anos, até que o anjo Samael me revelou que foi um presente concedido a mim, quando o espírito dele entrou no meu corpo eu nasci como anjo, o “Anjo da Morte”. Arnould acreditava que estava cumprindo a missão de purificar as pessoas com a morte. Outro ponto que se destaca na atuação do “O Artista”, é quando na construção do busto de Mary ele afirma: “A forma humana é uma obra divina de graça e proporção, mas o mesmo não pode ser dito sobre a mente humana, que é fraca e corruptível. Criar uma escultura é resolver um mistério. Cada contorno, um destino, cada olhar um roteiro. Cada expressão e depressão o endereço oculto da alma. Quando vejo uma pessoa pela primeira vez já vejo a história completa dela.” No desfecho da cena do crime, Jake é baleado pela própria companheira e considerado o verdadeiro assassino aos olhos da sociedade, mas o próprio xerife afirma: “O Jake que eu conhecia não era capaz disso, eu não consigo entender isso.” Por outro lado, Mary age em silêncio dando ao verdadeiro assassino o mesmo destino de suas vítimas, envenenando-o com seu instrumento principal, o lápis de carvão preto que usava para desenhar e sempre mascava as pontas. Ela diz: “O Jake me ensinou mesmo uns maus hábitos, tenha um bom dia”. ela cumpriu o pedido do parceiro que disse: “Só você, Mary pode acabar com ele.”
Destacamos aqui alguns aspectos relevantes para cumprir o objetivo do estudo, a seguir vamos descrever as características e sintomas dos diagnósticos citados para posteriormente partir para as análises.
ANÁLISE:
1- PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA
A Psicologia enquanto ciência que estuda os resultados da atividade psíquica baseando-se nos métodos da observação e da experimentação, apresenta resultados com análises e sínteses descritivas e considera critérios científicos e bem fundamentados para emitir diagnósticos.
A partir dos manuais de classificação internacional das doenças bem como todo um contexto clínico e psicopatológico identifica-se os sintomas e analisa-se todo o quadro apresentado pelo paciente até chegar a um diagnóstico de acordo com cada caso.
No Transtornos dissociativo de Identidade o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição, Revisão de Texto (DSM-5-TR), aponta que os sintomas podem potencialmente perturbar todas as áreas do funcionamento psicológico. É um transtorno raro, e o número de pessoas que o têm é desconhecido.
Na forma de Transtorno dissociativo de identidade possessiva, as diferentes identidades da pessoa parecem ser agentes externos que assumiram o controle da pessoa. O agente externo pode ser descrito como um ser ou espírito sobrenatural (geralmente um demônio ou um deus, que exige que a pessoa seja punida por ações passadas) mas, às vezes, é outra pessoa (normalmente alguém que já morreu, às vezes de maneira dramática).
No caso do personagem “O Artista”, podemos correlacionar essas características quando ele afirma: “descobri que era capaz de capturar a imagem de outra pessoa, fazia o desenho do rosto dela e me concentrava naquilo que eu desejava ter ou fazer; eu deixava meu próprio corpo e entrava temporariamente no corpo da pessoa; o anjo Samael me revelou que foi um presente concedido a mim, quando o espírito dele entrou no meu corpo eu nasci como anjo, o “Anjo da Morte”.
Em todos os casos estudados, a pessoa conversa e age de forma diferente da normal, como se outra pessoa ou ser assumisse seu corpo. Portanto, as identidades diferentes ficam óbvias para as outras pessoas.
Neste caso a correlação pode ser feita com o personagem Jacke, o detetive que em estado de incorporado confronta a sua parceira Mary no local do crime, situação em que se vê obrigada a mata-lo por considera-lo o criminoso imitador.
O transtorno dissociativo de identidade costuma ocorrer em pessoas que passaram por estresse ou trauma devastador durante a infância como por exemplo: abuso grave (físico, sexual ou emocional) ou negligência durante a infância. Ao longo do tempo, essas crianças podem desenvolver capacidade de escapar dos maus-tratos “se distanciando” — ou seja, se desconectando de seus ambientes físicos adversos — ou buscando refúgio em suas próprias mentes. Cada fase do desenvolvimento ou experiência traumática pode ser utilizada para gerar uma identidade diferente. Em testes padronizados, as pessoas com esse transtorno têm classificação alto para suscetibilidade à hipnose e dissociação (a capacidade de desatrelar memórias, percepções ou identidades da consciência).
Essas causas apresentadas pelo manual, podem ser correlacionadas com a história do protagonista “O Artista” que teve uma mãe negligente e agressiva, o que contribui para o desenvolvimento de uma personalidade transtornada.
Na Classificação Internacional de Doenças (CID 11) da Organização Mundial da Saúde (OMS) vamos encontrar a indicação de Estados de Transe e Possessão F.44.3 – fenômenos esses classificados como alterações mentais de caráter dissociativo onde o transe expressa uma perda temporária do senso de identidade pessoal e da consciência plena do ambiente. Observa-se que o indivíduo age como se estivesse tomado por uma outra personalidade, espírito, divindade ou “Força”. A atenção e a consciência podem estar limitadas ou pode estar concentrada em aspectos específicos do ambiente em que se encontra. Por outro lado os movimentos, as posições e expressões vocais podem ser limitados. Para essa classificação são considerados os transtornos de transe e possessão de forma involuntária ou indesejada. Desconsidera-se as situações ocorridas em ambientes religiosos ou seitas culturalmente aceitas. Não deve ser considerado nos casos de psicoses esquizofrênicas ou agudas com alucinações, delírios ou personalidade múltiplas. Não pode estar associado a qualquer transtorno físico, como por exemplo: epilepsia do lobo temporal ou traumatismo craniano ou ainda intoxicação por substâncias psicoativas.
Para essa classificação vamos correlacionar o comportamento do detive Jacke que recebe a atuação do “O Artista” para praticar os crimes. O detetive até se interessa por compreender os fenômenos ditos paranormais ao buscar livros e histórias e até contatos com o padre exorcista. Seu comportamento nervoso e atordoado demonstra sua fragilidade para ser possuído e agir sob a ação de um agente externo, no caso “O Artista”.
Ainda considerando o quadro de dissociação os manuais consideram as características que consiste em sentimentos recorrentes ou persistentes de distanciamento do próprio corpo ou processos mentais, geralmente com uma sensação de ser um observador externo da própria vida (despersonalização) ou de estar desconectado de um ambiente (desrealização).
Muitos pacientes também dizem que se sentem irreais ou como robôs ou autômatos (sem controle do que fazem ou falam). Podem sentir-se emocional e fisicamente entorpecidos ou se sentirem desconectados, com pouca emoção. Alguns pacientes não conseguem reconhecer ou descrever suas emoções (alexitimia). Frequentemente se sentem desconectados de suas memórias e são incapazes de lembrá-las claramente.
Essas descrições acima mencionadas nos ajudam a analisar a situação do detetive Jacke quando se desperta surpreso ao perceber que estava na cena do crime como “o suposto criminoso imitador” e no diálogo com sua parceira percebe que seus estudos sobre os fenômenos paranormais o ajudaram a compreender toda a história, daí ele afirma para ela: “Só você, Mary pode acabar com ele.”
Agora vamos analisar pelo viés da espiritualidade.
2 – PERSPECTIVA ESPIRITUALISTA – RACIONALISMO CRITÃO
“O espírito é e concentra força e poder. À medida que evolui, cresce em potencialidade espiritual. Os seus pensamentos concretizam os ideais, com tanto maior precisão e rapidez quanto maior for a concentração do seu poder.” (RC, 1971 p.245)
A perspectiva espiritualista baseada na filosofia Racional e científica do Racionalismo Cristão ressalta que aqueles que fecham os olhos e não raciocinam sobre a importância de analisar os fenômenos psíquicos, estão com a visão estreita e reduzida em relação às questões espirituais.
Em toda e qualquer situação podemos analisar os fenômenos físicos e psíquicos como manifestação da Força em suas numerosas e variadas aplicações, sendo realizados pela ação do pensamento de seres encarnados e desencarnados de forma individual ou de forma coletiva.
Mas é preciso se libertar do dogmatismo religioso e materialista para adquirir consciência plena de si mesmo, e compreender que o espírito traz consigo a potencialidade para captar vibrações dos campos materiais e universais e essas captações podem produzir ou revelar fenômenos considerados por muitos como paranormais, mas que podem ser muito bem explicados e compreendidos a partir do conhecimento acerca da verdade da vida numa perspectiva espiritualista racional e cristã.
Essa potencialidade é chamada de sensibilidade e está diretamente relacionada a uma qualidade sensitiva do espírito que o permite sentir as correntes vibracionais do ambiente; permite sentir a verdade por detrás das aparências; permite conhecer os sentimentos que se afinam e congregam almas irmanadas por suas aspirações; é também um instrumento da alegria e da dor exigindo do indivíduo enfrentar a realidade da vida e a se conduzir estruturado pelo domínio próprio.
Os seres humanos que se recusam a raciocinar e analisar os fenômenos psíquicos tem uma visão estreita e restrita das questões espirituais. Se olhar para a natureza, perceberá como a Força Total age equilibradamente no concerto harmônico do Universo verás que os fenômenos se realizam pela ação do pensamento vibrados por seres encarnados e desencarnados de forma isolada ou conjunta e de acordo com suas intenções.
Compreender que o espírito traz em si ferramentas essenciais que são seus atributos espirituais para concretizar seus ideais em todo o curso da sua evolução, ajudará a enfrentar e superar os desafios apresentados na existência terrena. Desafios esses das mais variadas formas, seja nas relações interpessoais, familiares, de trabalho ou sociais. Portanto, conhecer e saber lidar com as questões relativas ao transcendente, ao espiritual que por muitas vezes não encontram respostas no campo da ciência ou da religião é ter maior equilíbrio para superar esses desafios e viver de forma saudável.
Os personagens do filme em questão, expressam suas formas particular de analisar os fatos e desafios da vida, a partir das experiências adquiridas em suas jornadas. Assim podemos observar a particularidade de cada ser no seu grau de evolução para enfrentar certas situações. O detetive Jacke a seu modo tentou conhecer um pouco sobre as questões dos fenômenos espirituais. A falta de orientação e esclarecimento espiritual em muito prejudica as pessoas que trazem na sua constituição a faculdade mediúnica, e quando esta não é compreendida faz sofrer o próprio ser e outros que se envolvem no seu caminho.
Cabe a cada indivíduo um esforço próprio para aperfeiçoar-se durante suas variadas existências (reencarnações) e conseguir evitar se abater por sofrimentos prejudiciais para sua evolução. Por maior dificuldade que possa enfrentar poderá se dispor da capacidade de raciocinar e usar da inteligência, do pensamento e de todos os outros recursos e atributos espirituais para vencer, para transpor barreiras por muitos tidas como intransponíveis.
A filosofia Racionalista Cristã esclarece os fenômenos psíquicos a partir do conhecimento acerca da verdade da vida fora da matéria, explica que a Força é o espírito e este traz consigo inúmeras faculdades, e a que mais se revela nas diversas reencarnações é a mediúnica, que necessita ser compreendida e que se expressa de diferentes maneiras, porém é particular e própria de cada ser.
Todos os seres possuem a mediunidade intuitiva, mas há aqueles que podem apresentar e desenvolver outras modalidades conforme o seu temperamento, seu sistema nervoso, sentimento, sensibilidade e grau de evolução. Poderá expressar além da intuitiva, a auditiva, a vidência, a psicográfica, a clarividência ou a incorporação.
No estudo de caso, destacamos as mediunidades: intuitivas e de incorporação, por estarem mais evidentes nos comportamentos dos personagens principais e podem ser por vezes considerados médiuns de incorporação, mas por falta de domínio próprio se envolveram em atos e situações muito prejudiciais.
Vale lembrar que Médium de incorporação é aquela pessoa que nem se quer precisa se concentrar para receber a influência de espíritos do astral inferior, pois isso se dá pela simples força e ação do pensamento bem vibrado que tomará a força o corpo físico do médium atuado. Por outro lado, quando o individuo se dispõe a concentrar e se deixa atuar irá ocorrer uma justaposição do espírito atraído de forma intensa no corpo físico, mas o médium não perderá o seu estado de consciência.
Nessas condições de incorporações sem controle e domínio próprio as expressões podem se revelar nos desequilíbrios psíquicos, traduzidos por: transe, obsessões e possessões. Podendo ser identificado nos comportamentos apresentados de forma sutil, amena, periódica, permanente, acentuada ou violenta.
Ocorre que a obsessão é um mau comum que acomete a humanidade, que não é reconhecida nas suas formas mais complexas e diversas. Para compreender esse fenômeno da obsessão é preciso ter conhecimento das atividades dos espíritos nos planos astrais, conhecer suas propriedades mediúnicas e como poderá se manifestar em situações cotidianas das mais variadas. E somente conhecendo suas causas poderá ser combatida.
Assim podemos considerar que as causas da obsessão estão relacionadas às conexões estabelecidas entre espíritos desencarnados e encarnados que vibram na mesma intensidade e sintonia pensamentos e sentimentos de perversidade, de vingança, de ódio. Gerando assim irritação permanente, mal humor, ideias vingativas, animosidades provindas do mau uso do livre arbítrio, da vontade mal educada, das inclinações sensualistas, do descontrole nos atos cotidianos, do nervosismo desenfreado, dos desejos insuperáveis, da ambição descomedida, do temperamento voluntarioso, enfim de toda ordem de ações que contrariam as leis naturais e universais imutáveis e que geram as “enfermidades psíquicas”.
Para tanto é preciso o esclarecimento, o conhecimento acerca da verdade, o exercício contínuo de raciocinar e saber utilizar o livre arbítrio na direção da prática do bem. É preciso controle nas atitudes, cuidar da saúde, saber moderar seus ímpetos e remover os maus hábitos.
Frente às dificuldades como: desemprego, dificuldades nas relações, traumas sofridos na infância ou em situações de tragédias e calamidades podem gerar o descontrole dos atos, das palavras expressadas em ofensas, remorsos, ressentimentos e consequentes antipatias e inimizades entre as pessoas. Ambientes que proporcionam condições adequadas e muito favorável à ação de espíritos desencarnados quedados no astral inferior e que se tornam alvo fáceis para influências dos obsessores.
Analisando esses cenários vamos encontrar pessoas que se sentem permanentemente infelizes, lamentam não atingir suas aspirações e desejos; sempre inconformados com o que possuem, ambicionam cada vez mais; sempre se julgam incompreendidos, vivem a se lastimar e revoltar com todos os acontecimentos do passado e não vivem o presente.
Algumas dessas características podem ser identificadas nos personagens do filme, mas vamos ressaltar aquelas que se destacam na forma de descontrole no nervosismo, no temperamento voluntarioso, no mal humor, nas ações irredutíveis e vaidosas dos protagonistas. Destaco aqui o personagem do detetive Jacke que por desconhecer sua faculdade mediúnica se deixava possuir pelo espírito do “O Artista” e nessa performance podemos identificar como os sentimentos de raiva, vingança e rancor se afinaram e se cruzaram formando o estado deplorável de possessão/obsessão.
Vale ressaltar por fim que, os pensamentos são vibrações que se interconectam entre os seres humanos e os espíritos desencarnados, trata-se de uma força capaz de influenciar ações/comportamentos que podem levar até mesmo ao desatino e crimes irreparáveis, pois: “conforme pensar o ser, assim será”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Desde a segunda metade do século 19 até os dias de hoje, e podemos afirmar com maior investimento, os estudos científicos sobre a hipótese da sobrevivência da consciência após a morte, os estudos sobre mediunidade e suas expressões estão sendo difundidos nos campos acadêmicos e nas diversas instituições ditas religiosas. Trabalhos de referências podem ser acessados nas redes mundiais de computadores e nas plataformas de pesquisas científicas. Citaremos algumas nas referenciais ao final desse estudo.
Fato é que o tema abordado no filme: Gaiola Mental, suscita interessantes reflexões acerca dos diagnósticos apresentados se relacionarmos aos comportamentos das pessoas que apresentam sofrimento mental e tem suas vidas emaranhadas por ataques, crises, dores e sofrimentos de diversas ordens, os chamados sofrimentos psíquicos.
O filme Gaiola Mental possibilitou o estudo de caso que ora apresentamos numa perspectiva em que apesar das ressalvas, podemos considerar que há situações que a “a arte imita a vida” e que muito podemos aprender quando nos dispomos a refletir e analisar situações em que o ser que passou por traumas na infância, sofreu violências daqueles que deveriam cuidar e proteger, desencadeiam em momentos da vida adulta transtornos e perturbações que geram graves consequências. Mas é preciso considerar que experiências como essas precisam ser ressignificadas e reelaboradas através de atitudes determinadas na busca do autoconhecimento e dos processos físicos e psíquicos que um ser enquanto espírito vivenciando uma experiência humana poderá experimentar na sua jornada evolucional. É preciso compreender o mecanismo da vida e do que acontece após a morte do corpo físico, como deverá proceder frente aos abalos morais, por mais fortes e violentos que pareça ser sem se abater ou se descontrolar, desenvolvendo perturbações.
As influências de pensamentos intrusivos, indesejados provocados pelos espíritos quedados nos campos vibracionais inferiores associados aos pensamentos dos seres humanos envoltos em estados mentais de ambição desmedidas, de sentimentos de medos, de egoísmos e egolatrias, favorecem a criação de campos vibracionais propícios para as ações maléficas e estados psíquicos perturbadores.
Aqueles seres que vivem paixões desmedidas, engendram vinganças pelo impulso e obstinação em querer propagar o mal sem se quer sentir a menor culpa que seja, agem inflamados pelo falso poder de ideias de salvação e purificação da alma, atrelada as ideias místicas e religiosas. Como no exemplo expressivo do personagem “O Artista”, que acredita estar fazendo um trabalho necessário à sociedade ao matar as pessoas e elaborar rituais de purificação das almas. O que expressa absurda falta de conhecimento acerca da verdade sobre a vida espiritual.
A prisão, a condenação, nem mesmo a cadeira elétrica é capaz de impedir suas intenções perversas e investidas contra o mal. A força do pensamento exercida de forma bem articulada e direcionada, fez com que ele propagasse seu poder de influenciar nas ações e perturbações das pessoas as quais ele alimentava vingança; primeiro sua própria mãe, assassinada e embalsamada por ele próprio, depois as outras mulheres vítimas do seu poder de ação através do detetive Jake que perdido na sua revolta e impotência frente aos fenômenos incontroláveis se deixou levar e se dominar pela ação obsessora do “O Artista”.
O filme Gaiola Mental, bem como outros filmes de igual temática nos convida a refletir sobre quem somos, como podemos fazer uso dos nossos pensamentos e suas consequências direcionadas tanto para o bem quanto para o mal durante a ação de processos mediúnicos de forma descontrolada.
Para todos esses males podemos encontrar o adequado “remédio”, e há 114 anos o Racionalismo Cristão está na vanguarda e na retaguarda desses ensinamentos para esclarecer e espiritualizar a humanidade e com seus princípios, métodos e diretrizes auxiliar e tratar os desequilíbrios psíquicos proporcionando aos seres humanos viver uma existência terrena de forma equilibrada e ao mesmo tempo auxiliar os espíritos desencarnados a recomporem sua consciência e retomar o curso da sua evolução espiritual retornando aos seus mundos espirituais e reprogramando suas trajetórias.
Para esse equilíbrio não basta apenas internações, prisões, medicamentos ou terapêuticas clínicas, é preciso ir além. E ir além significa reestruturar a vida com disciplina, método e ordem. E o Racionalismo Cristão começou esse trabalho magnífico criado nas casas racionalistas espalhadas pelo mundo onde a pessoa na condição de obsedada recebe as orientações para viver de forma disciplinada, praticando a limpeza psíquica, estudando as obras, esforçando-se para o autoconhecimento, disciplinando e reeducando seus pensamentos e remodelando seu espírito até que se atinja a normalização. Trabalho esses que podem ser comprovados nos relatos na obra O Espiritismo Christão no Brasil editada em 1916 pela sede mundial do Racionalismo Cristão e ainda realizado atualmente com suas devidas adequações através do Atendimento Personalizado realizado nas casas.
Se considerar o trabalho de orientação feito através da ação conjunta da ciência com suas terapêuticas medicamentosas e intervenções psicológicas, associadas ao conhecimento da espiritualidade praticado nas casas racionalistas cristãs, teremos uma sociedade em condições de viver de forma mais equilibrada.
A todos que passam por situações de perturbações e desequilíbrios psíquicos fica o alerta para que busquem se espiritualizar.
Por: Cristina Araújo Leão
Psicóloga e Militante na filial BH
do Racionalismo Cristão
29/02/2024
REFERÊNCIAS
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GAIOLA, Mental. Direção de Mauro Borelli. EUA: Netflix, 2022. Disponível em: <https://www.adorocinema.com/filmes/filme-308538/>. Acesso em: 16/01/2024.
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MOREIRA-ALMEIDA, Alexander; COSTA, Marianna de Abreu; SCHUBERT, Humberto. Ciência da Vida após a Morte. Belo Horizonte: Editora Ampla, 2023.
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ZIMMERMAN, Mark. Transtorno de personalidade antissocial (TPAS). MD, Rhode Island Hospital. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiquiátricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-antissocial-tpas>. Acesso em: 16/01/2024.
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