
22 Mai A BIOGRAFIA DE JACOB E ETELVINA DOS SANTOS PINTO – 2° PARTE. OS FUNDADORES DO RACIONALISMO CRISTÃO EM BELÉM
Neste propósito, em novembro de 1938 parti em destino à capital do País. E pelo espaço de dois meses, no convívio amigo de Cottas e outras almas que o acompanhavam na grande luta pelo Bem, tive a felicidade de estar sempre em contato com essa grande alma de Manuel Garcia, pois foi em seu honrado lar que hospedei enquanto estive no Redentor, alma generosa a quem nesta hora rendo as minhas homenagens.
A sua dedicação deu-me os ensinamentos que a doutrina proporciona, e gravando bem a grandeza das verdades que revelava, esses fenômenos foram calando profundamente em minha alma e assim fui-me retemperando para a nova batalha que devia tratar no setor escolhido por mim para dar prosseguimento dos belos ensinamentos de Cristo.
Quando, na manhã de 23 de janeiro de 1939, na sessão da manhã, Antônio Cotas, perguntou se era possível eu partir para Belém, estas foram as palavras de Luiz de Mattos: “Pode partir. Deve porem convencer-se que seu bom êxito depende de muita força de vontade e valor, não se intimidando nunca. Aqueles que não seguirem os princípios da Doutrina devem ser postos à parte.
Caminhe com confiança, certo de que vencerá sempre”. Luiz Thomas externou-se desta maneira: “Pode seguir. Integrado dos princípios, não há que recear. Que se mantenha sempre calmo para bem cumprir o seu dever.
A Doutrina é simples. Desde que os seus instrumentos sejam convictos e calmos para bem cumprir o seu dever. A Doutrina é simples. Desde que seu os seus instrumentos sejam convictos e calmos nós podemos incentivá-los para o esclarecimento da humanidade”.
Com ordem, portanto, de partir para Belém, e com uma carta da alma boníssima de Antônio Cotas, cujos dizeres valerem para me fortalecerem nos momentos mais críticos da vida (e eles tem sido tantos) aqui destaco este tópico: “Dentro da disciplina regulamentar, estudando sempre, zele pelo que o Livro do Racionalismo Cristão nos ensina.
Seja um discípulo altura do mestre Luiz de Mattos, amigo de todos, mas intolerante com aquele que quiser fazer obra sua”. Assim orientado, e em convívio tão benéfico teria de sentir de fato a grandiosa obra do Racionalismo Cristão, cujas bases nos dão a estabilidade na Terra para bem cumprirmos nossos deveres.
E foi assim que parti, rumo do Pará. Levava a alma repleta de desejos de ser útil aos que sofrem as consequências do mau uso do seu livre arbítrio dos que sofrem por culpa dos falsos representantes de Cristo na Terra e ainda por culpa do espiritismo religioso o qual muito há contribuído para o estado em que se encontra a humanidade.
Alegre e confiante no êxito, ao chegar em Belém em dias de fevereiro, a minha primeira atividade foi a execução da obra do Racionalismo Cristão, reunindo companheiros para expor-lhes os ensinamentos da doutrina como mensagem da amizade e cooperação da Casa Chefe. Disse-lhes do meu desejo, que outro não era senão encontrar em todos um quinhão de boa vontade, para unidos em torno de um ideal sublime fazermos o bem para a humanidade, cujos sofrimentos morais são por vezes produtos da ignorância da vida fora da matéria e daquilo que cada um contém para lutar e vencer.
Minhas palavras simples, todavia, foram sendo bem recebidas pelos companheiros, que manifestaram o anseio de comigo marcharem na tarefa da regeneração dos homens, regeneração que se obtém pela conquista dos ensinamentos que o Racionalismo Cristão proporciona a quantos queiram estudar a grandeza da sua vontade.
Não será preciso dizer que, assim, estava instalado em Belém mais um filiado do Centro Redentor, que é casa de ordem, que é templo de disciplina, que é oficina de trabalho.
Se vi concretizado um anseio, também vi a iniciação de grandes sofrimentos, pois cedo vi afastar-se do nosso convívio aquela a quem se devia a fundação do correspondente em Belém, cujos trabalhos presidia e muitos nos incentivava nos momentos mais amargos. Outros nos foram deixando, mais tarde, já que achavam a disciplina rigorosa demais para suas almas, dentre esses os meus próprios irmãos, que me acompanhavam nas dificuldades da jornada.
Se cresciam os obstáculos, se os temporais rugiam ventos violentos, não desanimei um só momento. Pelo contrário, cada vez senti dentro d´alma mais entusiasmo pela bela obra e ideia que abraçara.
E não tardaram os frutos desse labor profícuo, porque a casa em que fora fundado o filiado começou a não ser mais suficiente para comportar à assistência, fazendo-nos adaptar um prédio com salão mais amplo e mais confortável, à Travessa Castelo Branco, 301, onde de fevereiro de 1940 passamos a realizar as nossas sessões.
Já a essa altura trazia na mente a ideia da construção da sede própria do nosso Filiado, para que isso constituísse um marco eterno a irradiar a luz dos bons esclarecimentos aos vindouros e os seres humanos possam encontrar os balsamos mais salutares para os seus sofrimentos.
Trazia o meu espírito cheio de sonhos e os nossos trabalhos deslizavam a mercê de ventos animadores, quando de súbito tivemos de enfrentar a rajada de inveja dos difamadores e descontentes. Nossas atitudes, pautadas dentro dos princípios que o dever nos impunha, gerava o despeito em espíritos maldosos, que nos atacavam, embora não ouvíssemos o grito infamante dos invejosos.
Caminhávamos como objetivo de honrar a doutrina, como até hoje não nos cabe abandona este propósito. Os prosélitos do mal, porém, ocultos no anonimato, nos enviam uma carta com os qualificativos torpe contra Antônio Cottas. Ficamos a meditar no volume desta ação que tem a cor negra da noite, de como é possível haver na Terra almas tão pútridas e falsas. Como era o Racionalismo Cristão possuir entre os componentes do seu exército elementos tão falhos de sentimentos?
Não se fez demorar o esclarecimento das infâmias, quando nos veio às mãos um panfleto do filiado de Caxias, que se atirava contra Cottas. Nossa atitude de amigos foi correr em seu auxilio, dentro das normas da disciplina, e com a autorização que tínhamos do Presidente do Centro Redentor, em nome da diretoria do nosso Filiado, levamos aos trânsfugas de Caxias o nojo da nossa alma pelo que estavam praticando contra um trabalhador eficiente da doutrina.
Descrevendo a pobreza do caráter e da moral do homem que se acobertava no anonimato, não defendíamos Antônio Cottas, que está muito acima de todas essas misérias em que poluíam seus detratores, mas o nosso propósito era o de trabalhar na defesa da doutrina e da verdade. Os infelizes de Caxias não descansavam na continuação da maldade e da vingança e estribados em falsas acusações levaram Antônio Cottas ao tribunal de segurança, de certo ávidos de conquistar o produto da semeadura que tanto suor, custara a Cottas, Luiz de Mattos e Luiz Tomaz.
A justiça honrada desta terra, viu em Antônio Cottas o monumento da sua envergadura moral, fazendo-o vitorioso contra os seus adversários gratuitos.
Podeis avaliar o quanto sofremos durante o período em que aguardávamos o veredito da justiça, que veio a 21 de novembro de 1943, proporcionando a realização de uma reunião de milhares de pessoas no Centro Redentor, as quais assim levaram a sua satisfação pela vitória da verdade.
Os racionalistas de Belém, almas simples, não podendo ficar indiferentes ao júbilo que invadia a alma de todos os discípulos de Cottas, Mattos e Tomaz, em regozijo pelo triunfo justo da doutrina, prestando uma singela homenagem ao grande pioneiro do bem, reuniram-se num ambiente de amizade e todos prometeram a si próprios fazer algo para que a história do Racionalismo Cristão, no setor paraense bem gravada ficasse aquela satisfação que sentiam.
E foi assim que ficou compromissado o início de uma campanha coesa e forte para o levantamento do prédio para sede própria do nosso filiado. Não desconhecíamos a enormidade dos obstáculos, a soma dos anos para a sua concretização, mas tive a felicidade de ser compreendido por todos, que viam na nossa futura sede uma escola irradiante de luz.
Era um arrojo demasiado o nosso pensamento, mas, a esta altura, levanta-se Vicente Castro e com voz comovida pela grandeza da ideia, não só a apoia como oferece, em nome de seu pai, um terreno para nele ser edificada a casa que tanto flutuava em nossos sonhos.
Outros se manifestaram, e com alegria vos digo que ao terminar a reunião estavam subscritos 27 mil Cruzeiros, importância diminuta, direis, entretanto isso representava muito para o início da jornada significativa porque expressa o nosso amor à doutrina e refletia a prova do nosso contentamento pela vitória de Antônio Cottas.
Continua na próxima semana
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