O Bicentenário do nascimento do Poeta Gonçalves Dias

Foi comemorado este ano de 2023, o bicentenário do nascimento de Antônio Gonçalves Dias, patrono da Cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras, nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá, na época pertencente a Caxias, hoje município de Aldeias Altas, no Maranhão. Foi poeta, advogado, professor, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Grande nome da corrente literária conhecida como indianismo, ao lado de José de Alencar, é famoso pelos poemas Canção do Exílio e I-Juca-Pirama, além de muitos outros de cunho nacionalista e patriótico, pelos quais receberia o título de poeta nacional do Brasil. Também foi pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro.

Indianista

Toda a poesia nacionalista diz respeito à fase indianista, em que Gonçalves Dias celebra as paisagens brasileiras e o indígena brasileiro. Mas, enquanto José de Alencar, na prosa, transforma o indígena em um personagem muito particular da literatura nacional, Gonçalves Dias faz algo diferente. Ele não transforma o indígena em um personagem, mas em um símbolo, retratando a figura do indígena como o primeiro homem brasileiro efetivamente, como uma entidade que, além de nobre, forte, viril, é capaz de suportar as maiores adversidades.”

O poema épico Canto do Tamoio, por exemplo, é a narração poética de um guerreiro indígena que está nas mãos dos inimigos. E, diante da situação de cárcere, esse homem canta sua lamentação de estar naquele momento preso, mas não perde a altivez. “Nesse sentido, Gonçalves Dias tem um papel extraordinário, porque vai trazer para o primeiro plano uma figura que sequer aparecia no âmbito da cultura brasileira, a não ser como objeto também da escravidão e da exploração branco europeia.”

Comentários

A comemoração do bicentenário desse notável poeta, nos faz refletir sobre fatos importantíssimos de nossa origem, nossa história, nossa identidade nacional, despertando amor e orgulho pela pátria. É triste constatar como ao longo do tempo tudo isso tem sido negligenciado, recontado, a luz de interpretações diversas e de conveniências limitadas a interesses questionáveis.

Importante ressaltar que Dias está entre os pioneiros poetas a valorizar e apresentar a exuberância natural do Brasil, evidenciando a beleza única de nossa fauna, flora, de nossas paisagens inebriantes, além da diversidade cultural de nosso país. Trouxe à luz de nossa apreciação também temas como o amor, a liberdade, a luta contra a escravidão.  

Além disso, nos proporciona a uma viagem artística e cultural, na qual deveríamos atualmente nos “demorar mais”, não deixando morrer bases importantes que vem construindo nossa história até os dias atuais.

Marcam sua trajetória trabalhos como ‘Canção do Exílio’, verdadeiro hino à nossa pátria, poesia romântica criada em julho de 1843, quando o autor se encontrava em Coimbra e ressalta o patriotismo e o saudosismo em relação à sua terra natal. Introduzida na obra lírica Primeiros cantos, de 1846. 

Vamos apreciar esse valoroso trabalho:

Canção do Exílio

Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Por Patrícia Flores

Referências

Cinco estrelas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Coleção Literatura em Minha Casa.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-08/brasil-celebra-bicentenario-de-nascimento-do-poeta-goncalves-dias

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